SOBRE O EVENTO

 

Entre os dia 01 e 03 de dezembro deste ano, a Universidade Federal da Grande Dourados sediará o primeiro Encontro Internacional de Estudos Interculturais e o Seminário de Avaliação do PIBID Diversidade. A Faculdade Intercultural Indígena (FAIND), juntamente com a Cátedra UNESCO/UFGD e o PIBID Diversidade CAPES/UFGD, constatou a necessidade de ampliar as discussões acerca dos estudos interculturais e da formação de professores indígenas e do campo.

O objetivo do evento é reunir e socializar as experiências, as pesquisas e os resultados de estudos que envolvam licenciaturas interculturais indígenas e do campo, bem como trabalhos desenvolvidos para além dessas formações específicas e diferenciadas, mas que levem em consideração a interculturalidade, a diversidade e identidades de gêneros multiculturalmente comprometidas. Nesse sentido, serão aceitos trabalhos que se enquadrem em um dos eixos temáticos abaixo: 

 

1- Educação Indígena e Educação Escolar Indígena

A partir do contato entre os conquistadores europeus com os diferentes povos indígenas na América, foram implantados diversos processos de escolarização que visavam transpor os valores culturais europeus ocidentais às sociedades ameríndias. A escolarização, então, colocava-se como ferramenta fundamental para a colonização. Com o passar do tempo, as experiências escolares entre os povos indígenas assumiram diferentes perspectivas de uma proposta inicial que visava apenas à catequização, passando por um projeto de civilização ao reconhecimento de propostas alternativas para a escola indígena. Nesse sentido, percebemos que os povos indígenas passaram também a negociar os usos dessas formas de escolarização. Neste eixo serão aceitos trabalhos que abordem os impactos e transformações gerados pelos processos de educação escolar e não escolar em populações indígenas uma vez que, a proposta aqui é ampliar e visibilizar as discussões que envolvem a educação indígena, seja em torno dos mecanismos próprios de ensino-aprendizagem, bem como os processos de escolarização dos quais os povos indígenas fazem/fizeram parte.   

 

2-  Educação do Campo

Neste eixo, queremos criar condições de interlocução entre autores/pesquisadores, representantes de movimentos sociais, gestores de políticas públicas, pesquisadores, professores da rede pública, agricultores familiares, camponeses, quilombolas, indígenas e tantos outros agentes, de modo a facilitar reflexões interculturais em torno do "campo". Não mais lugar de um desenvolvimento setorial subalterno ao meio urbano, o campo se ressignifica como espaço social constantemente, constitui e transforma agentes, redefine políticas públicas de soberania. Neste eixo, oportunizaremos um diálogo intercultural que possibilite compreender como o campo se diferencia em termos de modos de ser, relações étnico raciais, gênero e gerações, compreendendo como essas diferenciações expressam-se em territorialidades específicas, conflitos e demandas por educação. Pretende-se assim (a) promover o debate sobre os paradigmas da Educação do Campo no âmbito da pesquisa; (b) trocar experiências entre os pesquisadores da Educação do Campo e possibilitar a criação de novos grupos de estudos e linhas de pesquisa, em apoio à produção e socialização de conhecimento acerca da educação e demais questões que envolvem o campo; (c) gerar  subsídios para a elaboração de políticas públicas em Educação do Campo; (d) promover a articulação de pesquisadores em Educação do Campo.​

 

3- Educação Ambiental e Sustentabilidade

As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica em todas as suas etapas e modalidades reconhecem a relevância e a obrigatoriedade da Educação Ambiental e define que a educação para a cidadania compreende a dimensão política do cuidado com o meio ambiente local, regional e global. A Educação Ambiental busca a valorização da vida, a formação de um novo estilo de vida, sem consumismo excessivo, sem o desperdício de recursos e sem degradação ambiental. Devido às suas características multidimensionais e interdisciplinares, neste eixo se vislumbra a discussão de temas relacionados com o meio ambiente, em contextos e em espaços de ensino diversos, e sua interação com os vários sujeitos que compõem os meios sociais, culturais, raciais e econômicos que se preocupam com a sustentabilidade socioambiental, quer seja no campo, nas aldeias ou nas cidades.

 

4- Relações de Gênero em Contextos de Interculturalidade

Os estudos de Gênero e os estudos culturais têm se revelado uma área de pesquisa profícua. A interculturalidade pensada juntamente com a perspectiva relacional de gênero torna-se importante instrumento epistemológico, necessário para se analisar possíveis transformações nas identidades culturais. As análises de conceitos como raça, etnia, classe, geração, relações de poder, natureza X cultura atravessadas por relações de gênero nos permitem entender as sociedades contemporâneas naquilo que elas apresentam como processos e artefatos culturais e nas práticas de significação de um tempo que redefine fronteiras.

 

5- Territorialidades e Fronteiras

O eixo receberá trabalhos que discutam temáticas relacionas às territorialidades e às fronteiras, ambos conceitos compreendidos da forma mais ampla possível, abordando não só questões relacionadas às construções sócio-culturais do território e às fronteiras em seus aspectos físicos e políticos, mas também culturais, sociais, étnicos e epistemológicos. Entre outros, o eixo comporta trabalhos sobre as apropriações sócio-culturais do espaço, conflitos entre territorialidades, desterritorialização como fato ou como mito, territorialização precária, fronteiras étnicas, sociedade e cultura em regiões fronteiriças, questões agrárias que envolvam disputas a partir de diferentes visões sobre a apropriação e uso da terra, territórios em rede, territórios e fronteiras digitais, diásporas, migrações e esbulhos territoriais. 

 

 

6- Saberes e Fazeres Indígenas

O ato de significar e ordenar o meio em que se vive é necessidade de primeira ordem nos sistemas sociais humanos. Esse eixo pretende reunir pesquisas com interesses etnográficos e analíticos direcionados aos processos técnicos que envolvam interações entre humanos e o ambiente em geral, composto por saberes, artefatos, habilidades e técnicas que dão suporte às atividades de produção como cultivo, caça, criação e coleta. Considera-se relevante que as pesquisas apresentem os processos sociotécnicos e cosmotécnicos, envolvendo a circulação e comunicação em diferentes escalas e domínios sociais, ambientais e cosmológicos. Os trabalhos podem também abordar processos de transformação, resultados da incorporação de novas formas de gestão, produção e manejo ambiental, resultados da interação com o sistema não indígena ou de transformações na paisagem natural. 

 

7- Políticas e Ações Afirmativas

O termo ações afirmativas chega no Brasil carregado de uma variedade de sentidos, que em grande parte refletem os debates e as experiências históricas dos países em tais ações foram desenvolvidas, mas também passa a assumir diferentes contornos, variando a partir do público-alvo, de acordo com cada especificidade. Antônio Sergio Guimarães (1997) apresenta uma definição baseada no seu aspecto formativo e jurídico para o qual “tratar pessoas de fato desiguais como iguais somente amplia a desigualdade inicial entre elas”. Dessa forma, os trabalhos acolhidos por esse eixo temático serão aqueles que abordam as políticas afirmativas que promovem o acesso a meios fundamentais como aos processos educativos ou a empregos para minorias étnicas, raciais ou de gênero que, de outra forma, estariam deles excluídas, total ou parcialmente.

 

8 - Mídia e Novas Tecnologias de Comunicação

Parece estar cada vez mais claro que, atualmente, existe uma apropriação, principalmente pelos jovens, das ferramentas audiovisuais. Das experiências com as rádios comunitárias, passando pela fotografia, pelo cinema e sobretudo pelo uso da internet, tanto as comunidades indígenas, como as comunidades do campo, quilombolas ou afro-descendentes têm ocupado cada vez mais como produtores de informações sobre eles mesmos. Assim, esse eixo temático tem por objetivo ampliar os espaços de reflexão sobre o processo de Produção Audiovisual, do acesso ao uso, a partir da democratização dos conhecimentos do audiovisual as comunidades tradicionais: quilombolas, afro-descendentes, indígenas e ou do campo. Dessa forma, serão aceitos trabalhos que discutam ou relatem experiências relacionadas a valorização dos saberes tradicionais, os usos dos meios de comunicação em comunidades tradicionais, recursos didáticos, entre outros.